Consciência Hanapacha

Dos estados de consciência à luz da sabedoria andina e pré-colombiana

O ESTADO AMPLIADO DE CONSCIÊNCIA (HANANPACHA)

A busca

Há milênios, a humanidade sabe, por experiência, que os estados ampliados de consciência são naturalmente geradores de conhecimentos genuínos, insights, de dádivas criativas, e por isso vem investigando e experimentando diversos métodos para gerar esses estados criativos, noéticos e numinosos. Intuímos, através do imaginário, ou, a partir de uma experiência pessoal (um dia de claridade no seio da natureza, um estado extático vivenciado na infância) que existem estados de elevado desempenho, estados de qualidade superior. Essa intuição pode motivar uma busca, acenando um caminho evolutivo. Dois impulsos essenciais motivam e determinam a busca de estados ampliados de consciência:

1- o desejo de encontrar remédios para o sentimento de desintegração e mal-estar típico de Uju-Pacha (o mal-estar existencial);
2- a manifestação de um impulso proativo em busca de êxtase, da realização da nossa unicidade, do júbilo, da glória.

Tentar fazer da vida uma experiência mais significativa e lúcida, bela, alegre e jubilosa, amorosa e plena e uma das motivações básicas do ser humano. Elementos subjetivos,  ideias criativas, artes, imagens, visões e metáforas, sensações novas, serenidade e harmonia, bem estar, o conjunto das virtudes geradoras de felicidade, são tão atrativos e prazerosos para a humanidade quanto os recursos físicos necessários à sustentação da corporalidade. Ser humano não implica apenas a realização de esforços para prover a sustentação e manutenção do organismo e da vida, mas, igualmente, o desenvolvimento e progresso cognitivo, a evolução num sentido amplo, a realização espiritual, a incorporação de criatividade. Ao longo da História inúmeras técnicas já foram experimentadas para gerar estados ampliados de consciência. Elementos como cantos, danças, jejuns e dietas específicas, provas físicas exaustivas, flagelações, estresse emocional prolongado, privações sensoriais ou de sono, estados emocionais induzidos por relaxamento ou pelo uso efetivo da surpresa (hipnose ergotrópica), meditação, concentração intensiva, orações e mantras, músicas, danças e ritmos, respirações especiais, sexualidade, contemplação, foram e continuam sendo usados por diversas culturas, seitas e praticantes isolados. Outras tecnologias, como plantas e vapores psicoativos contendo diversos alcalóides (substâncias capazes de interagir com os receptores neuronais) foram e continuam sendo usados na forma de fumos, chás e poções oriundos de plantas e raízes diversas, em quase todas as culturas. Elementos psicoativos, ‘psicodélicos’, são, sem dúvida, instrumentos úteis para desencadeares esses estados e experiências, não sendo mais censuráveis de que outros.

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